Novela que estreava há 23 anos teve troca de autor, acidente com protagonistas e morte no elenco
Novela que deu muitas dores de cabeça para a Globo na faixa das oito entre junho de 2002 e e fevereiro de 2003, Esperança ficou marcada por incidentes nos bastidores

Publicado em 17/06/2025 às 14:21
Uma novela que estreava há exatamente 23 anos, no dia 17 de junho de 2002, Esperança ficou marcada por uma sucessão de fatalidades, como troca de autor durante a trama, acidente com os protagonistas e morte de um ator português, tornando-se um dos maiores desastres da história da Globo.
O plano inicial de Benedito Ruy Barbosa era nomear a trama como Terra Nostra 2, como se fosse uma espécie de continuação da novela apresentada com sucesso em 1999 e 2000, e ambientá-la durante a Segunda Guerra Mundial. Contudo, a minissérie Aquarela do Brasil, que teve a mesma temática, frustrou seus planos.
Dessa forma, a história foi levada para a época da quebra da Bolsa de Valores de Nova York, ocorrida em 1929.
Copa do Mundo
A novela estreou em meio à Copa do Mundo do Japão e da Coreia que, apesar de ter jogos exibidos durante a madrugada e pela manhã, concentrava a atenção do público. O trio principal era formado pelos italianos Toni (Reynaldo Gianecchini) e Maria (Priscila Fantin) e a judia Camille (Ana Paula Arósio).
Dois meses após a estreia, em agosto, Arósio e Gianecchini se feriram durante a gravação de uma cena onde Camille destruía uma estátua feita por Toni. A atriz torceu o pé, enquanto o ator teve um dente quebrado ao ser atingido por estilhaços que voaram após o golpe dado por ela com uma barra de ferro. A cena foi ao ar mostrando o ocorrido, mas não alavancou o Ibope.
No final de agosto, veio outro duro golpe: o português Luís de Lima, que vivia o pai de José Manoel, o Murruga (Nuno Lopes), morreu aos 77 anos, vitima de infecção pulmonar.
Antes disso, Antonio Fagundes, que participou da primeira fase, ficou uma semana internado com pneumonia; o próprio Nuno Lopes foi para o hospital com luxações nas pernas depois de um acidente na praia; Gilbert Stein, que vivia o pai de Camille, teve uma crise de hipertensão; e o sítio de Benedito Ruy Barbosa foi assaltado.
Mudanças
Em novembro de 2002, o cantor Paulo Ricardo, líder do RPM, foi chamado para sacudir a trama. Em sua primeira (e única) participação como ator de novelas, ganhou o papel de Samuel, judeu que disputaria o amor de Camille com Toni.
Outro problema foi o atraso na entrega dos capítulos. Dessa forma, cenas passaram a serem gravadas em cima da hora, muitas vezes no mesmo dia em que iam ao ar. Para se ter uma ideia, um capítulo chegou a ser editado 20 minutos antes de entrar no ar. Com isso, também cresceu o uso de flashbacks durante a trama, o que não agradou o público – a média na Grande São Paulo chegou a 27 pontos, quando o esperado era 45.
Em dezembro daquele ano, a Globo acabou tomando uma decisão: com problemas pessoais e de saúde, Benedito Ruy Barbosa foi substituído na autoria da novela por Walcyr Carrasco, que contou com a ajuda de Thelma Guedes.
A partir do capítulo 149, a trama ganhou novos personagens e desdobramentos, fugindo da história original, o que deixou Barbosa descontente. Edmara Barbosa, filha do autor, disse à imprensa que ele não acompanhava mais a novela, já que ficava muito irritado e tinha vontade de fumar, o que estava proibido de fazer.
Apesar dos inúmeros problemas, Carrasco conseguiu dar um rumo à novela. A audiência em janeiro acabou subindo para média de 40 pontos, com 56% de share (participação nos aparelhos ligados).
A produção terminou em 15 de fevereiro de 2003, com 209 capítulos, com média geral de 38 pontos. Para se ter uma ideia do tamanho do desastre, a substituta, Mulheres Apaixonadas, terminou com média geral de 47 pontos.