Nova Geni do Brasil, Amauri Soares tenta salvar novelas da Globo
Amauri Soares tem sido alvo de críticas injustas e é ele quem tenta salvar as novelas da Globo

Publicado em 02/06/2025 às 20:50
Amauri Soares é uma espécie de Geni das novelas brasileiras, ao menos para parte ínfima, porém barulhenta, dos telespectadores e também por parte significativa da crítica e de influenciadores. O diretor dos Estúdios Globo virou persona non grata nos debates sobre o formato e recebe pedrada de todos os lados, sendo apontado como o único culpado por supostos fracassos das telenovelas atuais. Na verdade, isso é uma injustiça porque o executivo, no momento, é o único que enxerga o problema e tenta resolvê-lo.
As novelas brasileiras, embora fizessem muito sucesso, entraram em decadência no início da década passada. No áureo ano de 2012, em que produções como Avenida Brasil e Cheias de Charme surgiam para o panteão das grandes obras, já era possível enxergar um problema sério: a nova geração de novelistas não era capaz de manter o país como um dos principais mercados do planeta.
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Agora, 13 anos depois, a verdade se impôs, com a Turquia e países asiáticos roubando a coroa. Basta perceber que, a última vez em que o Brasil venceu o Emmy Internacional foi em 2020, com Joia Rara e mesmo ali, a vitória ocorreu após grande hiato. As vendas internacionais caíram, o engajamento no Brasil caiu e a audiência despencou. Não há como esconder.
A opção da direção da Globo, ancorada por Carlos Henrique Schroder, e posta em prática pelo então diretor de dramaturgia, Silvio de Abreu, de afastar simultaneamente diversos medalhões ao mesmo tempo em que alçou à figura central de novelistas uma série de colaboradores inexperiente se mostrou um tiro no coração das novelas brasileiras.
Os colaboradores se mostraram nos anos seguintes incapazes de construir uma identidade moderna, arrojada e com características artísticas próprias como novelistas que cimentaram o formato nos anos 70 e 80 fizeram. A nova geração de autores não chegou perto de nomes como Lauro César Muniz, Silvio de Abreu, Cassiano Gabus Mendes, Manoel Carlos, Gilberto Braga, Carlos Lombardi e Antônio Calmon. A comparação com Ivani Ribeiro e Janete Clair não daria nem para colocar neste espaço.
Aprovar a sinopse de um ótimo colaborador o alçando a responsável por pilotar uma engrenagem de 300 pessoas, envolvendo 40 páginas por dia, um orçamento perto de R$ 800 mil diariamente, foi não só temerário, mas equivocado ao extremo. O melhor colaborador do mundo não pode conduzir sozinho uma estrutura dessas sem antes se provar capaz.
Amauri Soares foi o primeiro a perceber o grave erro e agora tenta corrigir a rota com o navio em movimento. Ainda que o iceberg esteja próximo, a mudança de rumo pode salvar as novelas da Globo de serem o novo Titanic. A decisão de reconduzir para a emissora nomes como Aguinaldo Silva, Lícia Manzo, Ana Maria Moretzhon e devolver o horário eternizado por Malhação, com nomes já experimentados, o executivo mostra que entende da coisa.
Os fracassos sequentes na faixa das 21h também podem e devem cair no colo dele. Assim como os acertos inegáveis na faixa das 18h e das 19h. Amauri, ao lado de José Luiz Villamarim estão tentando, muito mais que devolver audiência para as novelas brasileiras, entregar relevância, o que nosso formato perdeu há bem mais de uma década.